Dança e Espiritismo

Estudos com enfoque na Dança e o ensinamento dos 

 Espíritos Allan Kardec, Emmanuel, André Luiz, Ivone do

 Amaral Pereira e Camilo Cândito Botelho.
Material parte integrante da Pesquisa
"Arte à Luz da Doutrina Espírita"

Cecília Bazzotti
“Antes mesmo de falar já dançávamos...”

A dança é  a forma mais antiga usada pelo homem para se expressar, e podemos dizer também instintivamente, a primeira, pois espíritos imortais que somos, ao nos percebemos encarnados no corpo físico, dentro do ventre materno, iniciamos as nossas primeiras movimentações coreográficas no despertar da “Dança da Vida”.


Esta Arte do movimento deve ser intensamente sagrada por se utilizar do corpo como ferramenta de atuação. Sabemos que o corpo é instrumento divino, indispensável para a nossa evolução espiritual. No capítulo XVII, Sede Perfeitos, do Evangelho Segundo o Espiritismo, fica bem clara a instrução que recebemos dos espíritos superiores:


“Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela.”

A Dança é a forma artística que possuímos para exaltarmos a DEUS nossa gratidão pelo instrumento recebido, o corpo. Através da beleza, da saúde, do equilíbrio da harmonia das formas em movimento, mostrando respeito e admiração, utilizando os potenciais físicos em prol de nosso aprimoramento emocional e moral.


Sendo o corpo a forma de o espírito se manifestar e aprender quando mergulhado na matéria, e sendo a dança a forma mais bela de expressão do corpo, sem dúvida, que em um estudo sobre a Arte na Visão Espírita, devemos nos dedicar em um capítulo, em um momento especial, para entendermos a Dança  e a espiritualidade. Para isto, será imprescindível compreendermos a influência espiritual na inspiração da Dança ao longo da trajetória humana e também as revelações dos Espíritos sobre este assunto.
Na pré-história, no Período Paleolítico, a dança iniciou,  baseado no que mostram os registros históricos, de forma participativa. Os desenhos nas cavernas, que fazem parte desta documentação sobre estas danças participativas, nas quais o homem celebrava a vida, pedia benefícios aos seus ídolos, buscava fortalecimento para novas direções e caminhos a trilhar. De forma totalmente intuitiva e inspirativa, o que justifica a assertiva de serem mesmo inspirações espirituais, porque as mesmas danças e passos foram registrados em diferentes e longes regiões, também em cavernas, sob a forma de desenhos, ocorrendo simultaneamente tanto na Europa como na África do Sul.

Essas figuras que foram registradas nas diversas cavernas, com as expressões e gestuais praticamente idênticos, servem de comprovação documental e confirmam que a humanidade tem um fundo cultural comum. Com o conhecimento do espiritismo sabemos que o verdadeiro fundo cultural comum é a nossa pátria espiritual, que aqui, na matéria, é uma cópia imperfeita da morada do além, e as boas companhias de espíritos superiores da ordem divina nos auxiliam e inspiram para um fim comum a nossa evolução. Estas semelhanças culturais não são de forma alguma coincidência e sim fazem parte da inspiração e de um planejamento de Deus para com toda a sua criatura.

No Período Neolítico a dança passa a ser representativa. Percebendo-nos como seres atuantes no universo e recebendo novas inspirações, passamos a nos identificar com os supostos deuses dos fenômenos da natureza e outros que inventávamos. Passamos a representá-los buscando a identificação naquilo que sonhávamos alcançar a auto iluminação, a perfeição dos mais elevados seres de Deus. O que ocorria na verdade era a ideia inata de que tínhamos mesmo a proteção e o auxílio e uma falange de entidades superiores a coordenar todos os fenômenos que ocorriam em nosso globo e também os nossos próprios planejamentos  reencarnatórios.

São as danças ritualísticas, usando máscaras, utilizando-se de rodas, filas, mãos dadas, aprimorando o ritmo e a harmonia para valorizar o grupo, o coletivo.

Podemos perceber, neste processo evolutivo, a clareza do recado espiritual para todos os povos, o convite para alcançarmos as sensações de plenitude espiritual, em sociedade, em solidariedade e com a finalidade de compreendermos um pouco mais sobre os sentimentos nobres e belos dos espíritos iluminados.

Emmanuel no livro A Caminho da Luz, descreve muito bem este esforço de nobres entidades espirituais em alavancar o progresso dos homens nos momentos iniciais das civilizações terrestres.

A partir destes primeiros passos e com a colaboração dos conhecimentos que o espírito  Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, nos legou, na mesma obra, vamos compreender as particularidades do surgimento das danças dos diversos povos que se formaram ao longo do globo terrestre. O escritor espiritual nos fala sobre reencarnações na Terra de Espíritos vindos do Sistema de Capela, estes irmãos em Deus, estariam nestas épocas, na formação das primeiras civilizações, migrando para nosso planeta, degredados das suas moradias habituais planetárias, para auxiliar com seus aprendizados e convivência a fim de promover  progresso dos terráqueos, ou seja o nosso. Eles  que apesar das conquistas intelectuais estavam ainda devendo muito em conquistas morais, logo não podendo mais ficar perto daqueles que vibracionalmente estavam melhores.


Estes irmãos ganharam a oportunidade de um aprendizado novo em companhias novas, na Terra, principalmente vindo em auxilio àqueles que estavam iniciando a marcha da busca intelectual, moral, emocional e principalmente espiritual.

O que tem isto a ver com a dança?

Justamente onde estes espíritos capelinos reencarnaram passaram a influenciar com a sua presença, com as suas experiências  os povos do Egito, os povos Hebreus, os povos Gregos e entre outros, neste contexto, com esta nova influência, foram modificadas as formas de realizar a vida, mas para nosso assunto focaremos na mudança da forma de dançar.

Vamos detalhar como primeiro exemplo o povo Hebreu. Emmanuel no livro A Caminho da Luz, descreve como um povo espiritualmente orgulhoso, unido e perseverante. “Dos Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as mutações.” “Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era a sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida.” Emmanuel\ A Caminho da Luz \ Chico Xavier



 A dança deste povo é justamente caracterizada com gestos que descrevem bem estes sentimentos. São coreografias de bastante vigor físico mostrando figuras coreográficas descrevendo sempre trajetórias em forma de vínculos corporais, muita alegria e expressividade de auto confiança. Psicologicamente poderíamos realizar uma análise apurada das emoções que a dança hebraica nos transmite, citando apenas uma, que é o impulso o desejo de fazer parte daquele povo, pela confiança e proteção pessoal e coletiva que eles transmitem.

É realmente muito rico todo este conhecimento, podemos verificar mais detalhes desta espiritualidade atuante nas danças do Egito também, “Dentre os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do Bem e no culto da Verdade. Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas.” Emmanuel\ A Caminho da Luz \ Chico Xavier

Com estas afirmações de Emmanuel podemos verificar que todas as práticas artísticas deste povo retratam este sentimento de culto à morte, visto nas suas crenças uma forma de voltar para a verdadeira pátria.

Uma vontade inata de regressar ao lar espiritual do povo egípcio é muito bem retratada em toda a sua cultura, e seria de difícil compreensão para nós, sem o esclarecimento do espiritismo sobre as interações solidárias entre os dois planos da vida, material e espiritual. Na verdade, todo este desejo, era a vontade que eles tinham de voltar à sua pátria de origem, pois todos era espíritos vindo de Capela.

As suas danças sempre de cunho religioso, são movimentos expressivos de exaltação e de busca com o alto céu, ou seja com a divindade que os aguarda no retorno tão desejado. Podemos lembrar das famosas filas com movimentos consecutivos que descrevem muito bem esta ideia de infinito espiritual. Muitas outras particularidades culturais deste povo são imensamente importantes e que valem o estudo e o diálogo com o conhecimento da arte a luz do espiritismo.

A Grécia é sem dúvida a fortaleza do legado cultural de nosso planeta. Não poderia ser diferente pelo que relata Emmanuel, “...a Grécia se povoa de mestres e cantores, e todo o Mediterrâneo oriental evolve com o uso da escrita, adquirido na convizinhança das civilizações mais avançadas.... Ao influxo do coração misericordioso do Cristo, toda a Grécia se povoa de artistas e pensadores eminentes, no quadro das filosofias e das ciências.” Emmanuel\ A Caminho da Luz \ Chico Xavier


Na dança, principalmente, esta arte, era usada como forma de exaltar as virtudes do corpo unidas as virtudes da alma. As danças gregas transmitiam muito bem esta elevação de princípios morais e beleza estética. Suas formas de movimentações cheias de passos harmônicos, leves, dando tanto valor as danças solos com as em conjuntos. Uma dança que em sua psicologia nos remete a pensamentos de integração, é uma movimentação convidativa e envolvente.

Dentre as muitas inspirações temos o conhecimento que o discípulo do filósofo  Sócrates, Platão, desenvolveu teorias sobre a dança, ele falou: “...ordem e ritmo, características dos Deuses, são também as da dança (Leis, II); "A dança é um meio excelente de ser agradável aos Deuses e honrá-los" (Leis, VI); "Os que honram melhor os Deuses pela dança são também os melhores no combate". Pitágoras, famoso na história pelo seu teorema matemático, em seu pensamento filosófico relatou: “a dança expulsa os maus humores da cabeça". E  um famoso poeta grego chamado Anacreonte em suas poesias musicadas relatou “Quando um velho dança, conserva seus cabelos de ancião, mas seu coração é o de um jovem".


O ensinamento espiritual dos mentores auxiliares do progresso da humanidade, eles nos legaram a lição de não separar o corpo do espírito, e a dança é a forma mais bela e elevada de integrá-los.

Os Gregos consideravam a dança um dom dos imortais. Para eles, "os Deuses ensinaram a dança aos mortais, para que estes os honrassem e os alegrassem através dela".

As danças egípcias e as danças gregas, foram no século XIX, no despertar da dança moderna, fonte de inspiração para muitos coreógrafos e sabemos que continuarão sendo, pois elas expressam justamente este desejo inato de nos aproximarmos de o nosso Criador e de revelarmos as verdades das inspirações dos espíritos superiores.

Sobre estes apontamentos que vamos com muita felicidade trazer os complementos de o livro Memórias de um Suicida, da médium Ivone do Amaral Pereira.

Nos capítulos finais desta obra, nosso personagem principal, Camilo Cândido Botelho, que era quando reencarnado na Terra artista das letras e fora suicida, estando na espiritualidade recebendo auxílio para novos enfrentamentos na vida corporal, relata uma belíssima morada  espiritual, cidade Esperança, onde funciona a Escola de Ciências da Universidade do Burgo, neste local são ministradas, por espíritos de muita sabedoria na ciência, na moral e na arte, aulas de todos os conhecimentos.

Camilo relata a presença do escritor Vitor Hugo, do músico Frederico Chopin, entre muitos outros mentores nobres que doavam seus conhecimentos da arte e do amor. Os alunos nestes locais eram convidados para além de vivenciar todo  o conhecimento sobre as artes, também fazerem comentários morais e artísticos, sempre pensando na possibilidade de futuramente reencarnarem na Terra mais preparados para impulsionarem o avanço desta ferramenta divina.


Para o nosso capítulo especial da dança, nestes momentos de aprendizado de nosso escritor espírito, em experiência espiritual, são descritos eventos de confraternização sob a forma de majestosos espetáculos, onde a arte da deusa da dança, Terpsicore, é exaltada com muito respeito e beleza.


Os bailarinos deslizam pairando no ar, imaginemos a sublimidade das movimentações sem o peso da matéria densa. As coreografias eram exaltações das danças clássicas gregas, egípcias, hindus, hebraicas e europeias.

Pensemos também no aprendizado e dedicação que todos estes bailarinos espíritos tiveram com a dança para estarem participando de espetáculos de tanta elevação espiritual?  Somente as palavras do próprio autor, Camilo, para fazer justiça a tanta beleza:

“Destacavam-se os bailados coreográficos e mesmo individuais, levados a cena por jovens e operosas esperantistas, cujas almas reeducadas à luz benfazeja da Fraternidade não desdenhavam testemunhar a seus irmãos cativos do pecado o apreço e a consideração que lhes votavam, descendo das paragens luminosas e felizes em que viviam para a visitação amistosa, com que lhes concediam tréguas para as ominosas preocupações através do refrigério de magnificentes expressões artísticas!” “...efeitos de luz inundavam o cenário como se feéricos, singulares fogos de artifício descessem dos confins do firmamento para irradiar em bênçãos de luzes sobre a cidade, que toda se engalanava de esbatidos multicores, nuanças delicadas e lindas, que se transmudavam de momento a momento em raios que se entrechocavam, indescritivelmente, em artísticos jogos de cores, entrecruzando-se, transfundindo-se em cintilações sempre novas e surpreendentes! E todo esse empolgante e intraduzível espetáculo de arte, que por si mesmo seria uma oblata ao Supremo Detentor da Beleza, verificado ao ar livre e não no recinto sacrossanto dos Templos, fazia-se acompanhar de orquestrações maviosas onde os sons mais delicados, os acordes flébeis de poderosos conjuntos de harpas e violinos, que eram como pássaros garganteando modulações siderais, arrancavam de nossos olhos deslumbrados, de nossos corações enternecidos,...” Memória de um suicida \ Ivone Pereira

Verdadeiro alimento para o espírito, é assim que termina por descrever nosso autor espiritual. Quando a dança é utilizada em alicerces de valores morais elevados, quando é respeitada sua qualidade técnica e estética, e acima de tudo vinculada ao reconhecimento da graça de Deus para com toda a sua obra, o resultado é este, alimento para o espírito e elevação de nosso estado divino.


Depois desta pequena análise da dança no tempo, podemos entender melhor o porquê este tipo de dança, grega, egípcia, hebraica e outras, eram apresentadas em uma morada espiritual elevada, descrita na obra Memórias de um Suicida. Justamente representando os povos que mais colaboraram para a evolução desta arte. Camilo também cita a dança hindu, que não comentamos, mas se enquadra no mesmo pensamento, e a dança europeia, que veremos a seguir qual a sua importância no contexto da história da dança.

Na continuidade histórica, a Dança no Império Romano foi triste e decadente, uma imitação gestual da dança grega com uma derrota total da moral na sua utilização.

Com legado romano que foi a depravação, lembrando dos grande circos romanos, de luxúria e tortura, a dança feudal, medieval, com sua filosofia castradora e moralizadora, negando o corpo e todos os prazeres da carne, somente poderia ser totalmente reprimida sem nenhuma contribuição narrável para a evolução desta arte.

Sabemos da efervescência espiritual desta era, espíritos muito orgulhosos e de índole maléfica, que éramos todos nós, estagiávamos nestes momentos, necessitados que estávamos de aprendizados pela dor, pela humilhação. Depois da vinda iluminada do Messias ouve uma era de contradição de seus puros ensinamentos chamada por Emmanuel de “período escuro da história da humanidade”, era Medieval.

No Renascimento, o novo iluminar para a caminhada das almas em ascensão. No livro A Caminho da Luz, nos revela que reencarnações de falanges de espíritos comprometidos com a evolução intelectual e artística são providenciadas pela ordem divina. Com estas reencarnações, a solidariedade entre o dois mundos, céu e a terra, oportunizam que as artes atingissem  culminâncias que a posteridade não poderia alcançar, comenta nosso guia Emmanuel.

A dança recebe esta grande contribuição ressurgindo na figura de novos coreógrafos e mestres, iniciando as bases técnicas e a nova estética para esta arte.


Também Ivone do Amaral Pereira, em seu livro Devastando o Invisível, e o espírito O Esteta no livro O Espiritismo na Arte de Leon Deni, fato já comentado anteriormente nestes materiais de estudos sobre arte na visão espírita, esclarecem que retornaram a reencarnar espíritos da antiga era clássica grega, justamente para dar continuação nestes aprendizados da alma em favor da arte elevada.

Os grandes ballets de corte, foram tomando conta dos corações da sociedade em destaque, primeiro na Itália, depois Espanha, mas tomaram corpo mesmo na França.

Não podemos deixar de citar a inspiração de Catarina de Médicis, que deixando a Itália para se casar com o futuro Duque de Orleans e rei da França trouxe os melhores artistas para a França, principalmente impulsionando os estudos da dança neste país.

No auge do Absolutismo Monárquico, foi no grandioso reinado do Rei Sol, Luiz XIV, que a Dança deu um salto em seus propósitos e possibilidades artísticas, principalmente  representativas dentro da sociedade e dos corações humanos. Através das suntuosas danças de corte, o balé que já havia iniciado seus tímidos passos na Itália, continuou sua caminhada progressista e uma ressignificação na França. Justamente nesta época em que a inspiração do mais alto ressoava nas Almas humanas e materializava para nós, encarnados, o que de mais belo poderia se realizar com o corpo humano, os perfeitos e belíssimos passos do Ballet Clássico.

Os coreógrafos mais notáveis, juntamente com bailarinos e compositores musicais, em uma sincronia harmoniosa de realizações, nos legando o aprendizado de movimentos novos, potenciais de beleza que o corpo pode expressar,  desenvolvendo temáticas ricas de conteúdos emocionais para o despertar do espírito para suas realidades imortais. 

Precisamos, principalmente nós interessados na arte de Terpsicore, nos envolvermos com a vibrações destes elevados espíritos, orar por eles, pedir que venham novamente em nosso auxílio.



Por que eles não se comunicam também?

Poderia ser pela razão simples de que não pedimos em prece seus auxílios, suas inspirações?

Por que eles não enviam comunicações por via mediúnica, com a finalidade de nos consolar e esclarecer sobre a dança?

Principalmente na atualidade, que apesar da dança também expressar beleza, ainda é muito mais utilizada para momentos tristes de degradação e deturpação moral.

Vamos buscá-los em nossos corações, os grandes mestres da arte do movimento. Elevemos a nossas orações em pedidos de boas inspirações pelos artistas do mundo!

Na época que antecedia as revelações do Cristianismo Redivivo, da Doutrina dos Espíritos, eles, os tarefeiros da dança, em um esforço de amor, coreografaram os mais belos ballets.

Chamados Ballets de Repertório da era romântica, com temáticas da vida após a morte, da vitória da imortalidade contra o mal moral, contra a infidelidade, a traição, o preconceito social, mostrando que estas ações repercutem após a vida carnal, e que somos herdeiros intransferíveis do bem que fizemos ou do mal que praticarmos. Além destes conteúdos espirituais também, eram retratados os conteúdos sociais, como que inspirados, estes artistas, sensibilizavam o homem para os pensamentos de liberdade e de justiça social.


Décadas antes do surgimento do espiritualismo moderno, a Europa toda foi agraciada por estas belas obras, La Fille Mal Gardée, La Sylphide e Giselle repletas de conteúdo libertador e espiritual, assistidas por todo o povo europeu, e sabemos que nada é por acaso.

É o grandioso  papel da arte em despertar a alma humana para as novas revelações. Estamos vivento este momento na atualidade, novelas televisivas e filmes repletos de temáticas espíritas nos preparando para a aceitação do conhecimento das questões espirituais.

Espíritos nobres como o talentoso e sábio Maurius Petipá, a inovadora Maria Taglioni e seu pai e coreógrafo, Filippo Taglioni, o idealista e filósofo George Noverre, o coreógrafo Michel Fokine, a visionária Anna Pavlova, o virtuoso Nijinsky, a libertadora Isadora Duncan, o espirituoso Ted Shawn, a bela Doris Humphrey, a suntuosa Martha Graham, o genial Roland Petit, o espiritualista Maurice Béjart, entre tantos outros que obraram para que a dança seguisse seu curso em um patamar elevado. São inumeráveis as ações destes artistas do movimento, que dedicaram suas vidas para realizar inesquecíveis obras, sempre com o objetivo de emocionar, conscientizar, embelezar e acima de tudo espiritualizar a sociedade.




“Somente o ritmo pode assegurar a unidade do homem e construir uma personalidade harmoniosa e forte, A música e o teatro só conhecerão um verdadeiro renascimento quando se integrarem em busca de bailarinos. A dança concebida desta forma é, ao mesmo tempo, moral e religião, pois é a expressão mais elevada do ser totalmente voltado para a sua responsabilidade em relação aos outros. Quanto mais vida tivermos, mais podemos comunica-los aos outros.” Ted Shawn \ Livro Dançar a Vida\ Roger Garaudy

“A dança é uma das raras atividades em que o homem se encontra totalmente engajado: corpo, espírito e coração.” Maurice Béjart\ Livro Dançar a Vida\ Roger Garaudy


Certamente eles, espíritos artistas da dança estiveram em reencarnações sucessivas nestes mesmos ideais, e estarão voltando.
Continuarão estas tarefas? 
E nós como vamos apoiá-los?
Os momentos que seguem na caminhada social humana, a dança toma um rumo mais psicológico.
Isadora Duncam, rompe e liberta a a alma da dança. Esta pioneira modifica e inspira toda uma nova geração dançante.
Martha Grahan e Dóris Humphrey na América, Kurt Jooss e Mary Wigman na Europa, teatralizam a dança. São enviados missionários divinos, levando a mensagem do “conhece-te a ti mesmo” e “procura questionar as tuas emoções”. A dança passa a purificar os sentimentos humanos, pela dança crítica, dança protesto, dança emocional, dança trágica, dança libertação, dança expressão dos mais diversos sentimentos que o homem necessita vivenciar. O espírito não ficou esquecido por toda esta legião de tarefeiros da arte, mas o humano precisava ser conhecido para a iluminação da alma.
E a dança seguindo o seu rumo, na era atual, suas ramificações  e possibilidades são infinitas. Mas apesar das novas contribuições a história e as conquistas devem ser sempre estudadas e mescladas para somar com o novo.
O conhecimento adquirido da técnica, da beleza, da estética são fundamentais para alcançarmos a plenitude desta arte do movimento. Principalmente  aqueles que professam a fé espírita devem se informar, estudar, se aperfeiçoar e aliar aos conhecimentos espirituais se pretendem usar esta arte a fim da divulgação da Doutrina dos Espíritos.
Aqueles que vieram formaram as bases de verdade e retornarão para solidificá-las e ampliá-las.

Nas manifestações mais primárias, a dança participou da celebração da vida, para indicar felicidades e tristezas, boa caça, vitória na guerra, êxito nos fenômenos da natureza e a tão necessária fertilidade. Destas diversas formas iniciamos os movimentos ritmados e de significados tão diversos e expressivos. O benefício desta prática artística para o corpo é indiscutível, para o equilíbrio emocional e sentimental mais ainda, mas para o processo evolutivo do Espírito Imortal qual será o seu maior ganho?
Na Dança desenvolvemos a percepção da estética mais pura, temos que moldar nossos próprios corpos, instrumentos sagrados da nossa manifestação espiritual e equilibrá-los no espaço tempo,  além de penetrarmos nas harmonias que regem o movimento sincronizado. Sem sincronia e o mais perfeito estudo da física, física experimental e corporal, não existe a Dança. Somos convidados a explorar os mais recônditos espaços mentais e plasmar as possibilidades dos movimentos desejados, um trabalho coletivo de muito esforço, mente e corpo, espírito e alma, trabalhando de forma solidária.


Que bom se pudéssemos futuramente receber a revelação de como o Espírito plasma pelo pensamento e cria as imagens desejadas de seus passos dançantes. Lembrando que muitas vezes o que a mente, o Espírito idealizou, nem sempre se torna possível pelas limitações físicas, mas  o desenho fluídico que o pensamento realizou e registrou ficou, para quem sabe, em outras vidas, com um melhor aparelho corporal, ou na morada espiritual, o espírito possa executar.
 Isto mesmo, a dança é uma poderosa ferramenta artística para redesenharmos corpos mais leves, com mais capacidades, mais graciosos e mais capazes.
Allan Kardec em Obras Póstumas estabelece um estudo sobre a Teoria da Beleza,  em analogia a este estudo, vamos reparar que além de termos físicos mais belos do que no passado, em relação à Dança, também no presente podemos observar um crescente  técnico e estético muito expressivo. Ao relatar estes fatos, é importante deixar claro que estamos nos referindo aos artistas bailarinos de destaque profissional e que por organização reencarnatória tiveram seus caminhos direcionados aos marcantes feitos da Dança.
Pois é justamente a descrição da Dança, elevada e sublime ou vulgar e destrutiva, que vamos encontrar nestas duas obras do nosso estudo deste capítulo. A sublime citada anteriormente nas experiências espirituais de Camilo Cândito Botelho e a dança umbralina, se podemos chamar assim, aquela desvestida de beleza e sentimentos nobres das experiências também espirituais do Espírito André Luiz.
No livro Mundo Maior, psicografia de Chico Xavier, a equipe espiritual vai prestar socorro a um encarnado que se encontra seriamente vinculado à dependência química.  André Luiz faz seus apontamentos sobre a dança, porque a equipe acompanha o irmão em desequilíbrio até um bar noturno.

Neste local, onde todos os vícios eram experenciados por seus frequentadores, onde a música era atordoante e estridente, a dança era usada nos seus mais vulgares propósitos. Observando ainda, na descrição de André, as entidades espirituais grotescas que acompanhavam estes reencarnados, que dançavam de forma vulgar, e ali se encontravam totalmente afastadas de realizações nobres e edificantes.
A cena é burlesca e horripilante, chegou a ferir os sentidos do colaborador do bem, tanto que o confunde, fazendo com que ele questione seu companheiro de tarefa, Calderaro, se seria um crime o ato de dançar. A resposta do mestre é formidavelmente esclarecedora:
“– Que perguntas, André! O ato de dançar pode ser tão santificado como o ato de orar, pois a alegria legítima é sublime herança de Deus. Aqui, porém, o quadro é diverso. O bailado e o prazer nesta casa significam declarado retorno aos estados primitivos do ser, com iniludíveis agravantes de viciação dos sentidos...” No Mundo Maior \ André \ Chico
A dança é a tradução de um sentimento, mesmo os passos mais abstratos estarão sendo sempre envolvidos por uma vibração emocional, que pode ser somente do bailarino ou a vibração do bailarino unida a uma inspiração de outro espírito ou espíritos. A movimentação dançante é sempre um reflexo do impulso do espírito que comanda o corpo.
Partindo destes princípios, e sabendo que em nossa sociedade  foram desenvolvidas além da dança artística, a dança social, que é aquela usada para a confraternização, para o divertimento e para as possíveis experiências expressivas dos gestuais físicos. Poderemos também analisar tanto uma quanto a outra forma de dançarmos sobre a mesma ótica.


Quando dançamos envolvidos em sentimentos de fraternidade e de respeito, estaremos promovendo saúde e equilíbrio físico\emocional, quando dançamos , como falou Calderaro, movidos pelas sensações mais instintivas do ser, isto é , envolvidos em pensamentos de conotações eróticas e degradantes, estaremos desequilibrando nossas forças energéticas, abalando o nosso corpo físico, nosso corpo espiritual e nossas emoções. O bondoso instrutor ainda falou da viciação dos sentidos, na forma hipnotizadora da música, da dança atuando nos estados psíquicos e inibindo totalmente a possibilidade de pensamentos mais lúcidos sobre as questões da vida.
A segunda etapa desta análise, são as possíveis vinculações espirituais que se formarão ao nosso redor. Sabendo que os espíritos que povoam o plano espiritual são atraídos pelo pensamento e que por afinidade se vinculam aos encarnados, em nossas atividades artísticas estaremos atraindo simpatias conforme as ações nobres ou negativas que estivermos realizando. Justamente o que foi observado na boate pelo nosso amigo André Luiz, uma cena que aos olhos materiais não causariam tanta admiração, apenas pessoas dançando, bebendo e se divertindo, para nós com a revelação do espiritismo, sabemos que o quadro é outro, é triste e totalmente comprometedor, acabando por nos deixar em débitos com a nossa  consciência, com as criaturas e as com leis divinas.
O instrutor de André, ampliando a significação da dança, lembra o mesmo pensamento dos antigos gregos, que ela em bases de moral e respeito pode ser comparada a uma prece. Na continuidade de suas instruções, ele, Calderaro, explica que mesmo do aparente mal, a Inteligência Suprema do Universo, aproveita todos os momentos para o aprendizado e o benefício do espírito imortal.
“A dança, nesta casa, não lhes deixa de ser, em última análise, um benefício. Chegaram nossos amigos encarnados e desencantados, aqui presentes, a nível tão desprezível que, sem dúvida, não fora o sapateado, estariam rodando, lá fora, em atos extremamente condenáveis, tal a predisposição em que se encontram para o crime. Que o Pai se comisere de todos nós.” No Mundo Maior \ André \ Chico


São verdades difíceis, momentos que nós em humanidade atravessamos. Ensinamentos preciosos.
E nós, agora sabendo de todas estas notáveis revelações, da importância da sagração do corpo e da dança como ferramenta para este fim, sendo que desde as eras iniciais da humanidade os benfeitores espirituais estão nos alertando sobre isto, como vamos melhorar o potencial desta arte em auxílio a nossa evolução?



Pina Bausch, grande representatividade mundial na dança teatro, emocionou milhares de pessoas com suas obras, falou :

“O que me interessa não é como as pessoas se movem, mas sim o que as movem”.
Sejamos nós artistas, movidos pelo ideal de amor, fraternidade, justiça e igualdade. Que estas virtudes das Almas reflitam em todas as Artes e que a dança da vida nos impulsione para uma coreografia de beleza, paz e união.